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TEORIAS AMBIENTAIS

Ao iniciar-se o estudo sobre as diversas teorias, precisamos antes estabelecer uma definição sobre o ambiente. De acordo com a tradição, ambiente é o conjunto de forças externas que influenciam o modo pelo qual as organizações funcionam e obtêm recursos. Entre os recursos mais importantes encontrados no meio ambiente estão as matérias-primas, a energia, mão-de-obra qualificada, as informações e os recursos financeiros necessários à produção de bens e serviços que asseguram a sobrevivência de dada organização. É importante também fundar o conceito de ambiente de tarefa, sendo esse o ambiente no qual a organização atua diretamente e que tem maior impacto sobre a capacidade da organização em atingir seus objetivos imediatos. Como por exemplo, agentes econômicos, fornecedores, clientes e outras organizações. Tal definição citada é comparada por Fonseca e Machado-da-Silva com a abordagem cognitiva (ambiente concebido como um repositório de padrões culturais e de significados criados por indivíduos e organizações ao interagirem) e a abordagem institucional (o ambiente é concebido como um setor social formado por organizações que oferecem produtos e serviços semelhantes, porém interagem estipulando regras de funcionamento às quais as organizações do setor devem se conformar para obter legitimidade e sobreviverem). Diante do estudo a ser apresentado destacaremos as seguintes teorias recentes: a teoria da ecologia populacional, a perspectiva das organizações em rede, a teoria da dependência de recursos, a teoria dos custos de transação e a teoria neo-institucionalista. Teoria da Ecologia Populacional A teoria da ecologia populacional destaca os aspectos estruturais do ambiente. Contrapondo-se a teoria da contingência estrutural, não é a maior flexibilidade ou a capacidade de uma organização em adaptar rapidamente suas estruturas internas às características de seu ambiente que garante o seu sucesso. Ou seja, as organizações não se adaptam ao ambiente, ao contrário, tendem a ser inativos e conservar suas formas organizacionais originais, é o ambiente que as seleciona. Com base na teoria de Darwin sobre a seleção das espécies, na qual ele mostra como são as características estruturais de um ecossistema que seleciona as especies mais aptas à sobrevivência nesse ambiente, dadas as suas características biológicas de base. Ecologia Populacional foca a diversidade e adaptação da organização dentro de uma população de organizações, e procura compreender por que essa nova população de organizações emergiu e se consolidou em determinados nichos. As formas que sobrevivem normalmente são mais bem adaptadas ao ambiente imediato. Desse modo, as populações da organização estão constantemente passando por mudanças. O processo de mudança da população é definido por três princípios que ocorrem em etapas: variação, seleção e retenção. Variação: novas formas organizacionais surgem continuamente numa população de organizações. Algumas formas podem ser idealizadas para lidar com uma nova necessidade observada no ambiente externo. Seleção: algumas variações serão mais convenientes ao ambiente externo do que outras. Algumas demonstram ser vantajosas e, por isso, são capazes de encontrar um nicho e adquirir do ambiente os recursos necessários para sobreviver. Outras variações não conseguem atender às necessidades do ambiente e desaparecem. Retenção: é a preservação e institucionalização das formas organizacionais selecionadas. A forma organizacional retida pode tornar-se parte dominante do ambiente.Da perspectiva da ecologia populacional, ambiente é o determinante mais importante do sucesso ou fracasso organizacional. A organização deve atender a uma necessidade ambiental ou será eliminada pela seleção. O processo de variação, seleção e retenção conduz ao estabelecimento de novas formas organizacionais numa população de organizações. Grande parte das mudanças organizacionais evidencia respostas dadas às pressões econômicas, demográficas, sociais e políticas, determinando que tipo de característica ambiental as organizações deverão atender e que tipo de eficiência deverão ter. Por exemplo: nova tecnologia, novas regulamentações ou desregulamentações. Esses são alguns critérios que definem as características de cada tipo de população organizacional. Perspectiva das Organizaçõe em Rede É uma perspectiva que foca o aspecto relacional do ambiente, salientando o aspecto político das organizações e o estudo do poder, partindo do pressuposto que as atividades são coordenadas por contratos, acordos, links e vínculos entre diversos grupos organizacionais. As organizações em rede são frequentemente descritas como organizações sem fronteiras. No ambiente organizacional a rede representa uma forma de organização intermediária entre à organização e o mercado, redefinindo-se os princípios da estruturas burocráticas e da hierarquia inflexível pela necessidade premente de vinculação entre os processos referentes à coordenação da atividade econômica, surgindo daí vários tipos de rede, tais como as redes de inovação, as redes estratégicas, as redes flexíveis e multidirecionais. Essa abordagem atualiza e modifica o conceito de organizações orgânicas, visando à economia de custos, a facilitação da coordenação e o aumento da flexibilidade das organizações interligadas em rede. Para consolidar esses sistemas, estabelecem-se redes de contatos entre as atividades das organizações que normalmente tem interesses econômicos comuns, com a escolha da terceirização dessas atividades. Uma desvantagem é o fato de que a estrutura em rede diminui o controle que a organização tem das atividades e logo esse tipo de estrutura pode ser uma opção estratégica de grande risco no caso da produção de determinados bens e serviços fundamentais para essa organização, pois a terceirização acarreta a dependência e a vulnerabilidade em relação aos seus fornecedores. As Redes dentro do contexto da teoria organizacional podem ser estudadas nos aspectos intra e interorganizacional. O primeiro quando envolve aspectos internos, partindo do princípio de que internamente uma organização pode ser vista como uma rede de pessoas, departamentos e setores específicos mantendo uma constante rede de relações caracterizada pôr uma subdivisão hierárquica, de papéis e atribuições dos seus componentes, relações verticais e horizontais, etc. O que a distingue do modelo tradicional de estrutura organizacional é a sua flexibilidade, os mecanismos de controle descentralizado e uma paulatina substituição das relações verticais pelas mais horizontalizadas. A última, as organizações não são analisadas isoladamente, mas sim dentro de um contexto que envolve uma ou mais organizações atuando de forma interativa, integrada, podendo compartilhar recursos, pessoas, tecnologias, terem uma única forma de atuação, uma mesma estratégia, etc. A maioria das atividades econômicas nos setores mais importantes é organizada em cinco tipos diferentes de redes: Redes de fornecedores, Redes de produtores, Redes de clientes, Redes de coalizões-padrão e Redes de cooperação tecnológica. Para Nitin Nohria e Eccles existem três razões pelas quais as organizações em rede são um modelo que desponta atualmente: O sucesso das organizações “ponto.com” – caracterizado pelas diversas interconexões horizontais que as organizações têm entre si, links implementados pelas atividades pelas atividades profissionais dos seus membros; Desenvolvimento recente da tecnologia de informação, permitindo novas formas de comunicação – modo mais descentralizado e flexível para se trabalhar, apesar da distância e O conceito de network organization ganha legitimidade como objeto de pesquisa acadêmica. Nohria ainda define cinco princípios para o estudo das organizações em rede: 1. Todas as organizações podem ser consideradas redes sociais e devem ser analisadas dentro dessa perspectiva – a organização formal representada por organogramas não exprimem por inteiro as características das organizações em rede, as relações informais e os contatos complementam as redes formais e descritas em relatórios e organogramas oficiais. 2. O ambiente é considerado também como uma rede formada por organizações interconectadas entre si – os grupos organizacionais constroem seu sistema de relações e influências mútuas, dando forma ao ambiente onde convivem. A dinâmica do ambiente depende da forma como se dá o sistema de relações e das networks que formam. 3. As decisões e os comportamentos dos atores sociais em organizações podem ser compreendidos com base no estudo do sistema de relações de poder e pressões aos quais esses indivíduos estão submetidos – alguns modelos são utilizados para explicar as relações sociais nas networks: modelos de coesão (analisam os relacionamentos pessoais dos atores sociais e as razões pelas quais se agrupam); modelos de equivalência (estudam a possibilidade de indvíduos ou grupos poderem ser elos entre diferentes grupos sociais); modelos de proeminência (examinam a influência que grupos ou indivíduos possuem em determinadas redes); modelos ligados ao alcance e à influência das redes relacionais (verificam em que medida um indivíduo ou grupo avançam em uma rede, aumentando seu poder, ao mesmo tempo que perseguem seus objetivos pessoais. O tamanho da network e o grau de organização ou dispersão da rede de contatos são variáveis estudadas por esses modelos). 4. Um sistema de contatos e interconexões entre grupos organizacionais exerce pressões sobre os membros desse sistema, induzindo certos tipos de comportamento e jogo de poder – trata-se de um processo de construção social. As redes podem ser consideradas estruturas formais que induzem certos tipos de relação social e jogo de poder, mas também podem ser estudads como processos sociais que geram forças e dinâmicas passíveis de mudar a própria estrutura da network ou rede. 5. Ao comparar as organizações, devem-se considerar as características das networks e redes mais amplas nas quais essas organizações estão inseridas. Como exemplo, temos a organização Wal Mart, possuidora de uma rede de supermercados atuantes em diversos países. As redes presentes no grupo são: clientes, produtos, fornecedores e capital humano. Teoria da Dependência de Recursos Essa teoria está inter-relacionada com a dos custos de transação, que veremos mais adiante. Pois, quanto maior a dependência que uma organização tem da outra para obtenção de recursos, maiores os custos de transação. A teoria da Dependência de Recursos reconhece que as organizações são dependentes de seus ambientes no que se refere aos recursos de que necessitam para sobreviver e crescer. O seu grau de dificuldade para obtenção de tais recursos dependerá da complexidade, do dinamismo e da riqueza do meio ambiente no qual a organização está inserida. Um dos fatores-chave de análise é a capacidade estratégica do grupo organizacional, ou seja, a sua capacidade política em negociar e estruturar relações de poder. A partir do aumento da concorrência as organizações buscam evitar a diminuição dos recursos disponíveis, tentando influenciar ativamente o curso dos acontecimentos em seu ambiente e as interações com as outras organizações, para controlar os recursos e diminuir a incerteza. A influência que uma organização B terá sobre a organização A dependerá do controle que B tiver dos recursos vitais para a outra. Quanto mais próxima a organização que produz o recurso raro para a outra organização estiver numa situação de monopólio, maior será o seu poder de barganha, por exemplo: os produtores de bens de alta tecnologia, difíceis de serem produzidos e substituídos. Logo, as organizações procuram desenvolver estratégias nas quais consigam maior segurança e controle de recursos ao mesmo tempo que procuram manter o máximo de autonomia possível. Porém não são inteiramente autônomas nem totalmente dependentes, necessitando negociar umas com as outras. As organizações desenvolvem dependências em dois níveis: em relação às organizações de outros setores e em relação às organizações de seu próprio setor. As organizações podem desenvolver interdependências simbióticas complementares, não competitivas. Por exemplo: a relação horizontal fornecedor-cliente, quando o output ou produto de uma organização serve de matéria-prima ou input para a outra. As organizações podem ser competitivas quando estão no mesmo setor e disputam produtos e serviços escassos dos quais ambas necessitam para sua sobrevivência. Ao realizarem o vínculo interorganizacional, por exemplo: fusões, joint ventures, etc., os dirigentes buscam pesar os riscos e ver o nível de formalidade necessário para garantir o controle dos recursos fundamentais, pois quanto maior o risco de ficar sem os recursos de que necessita, mais formal será o acordo que a organização estabelecerá com a outra da qual depende. Exemplo: o Itaú e o Unibanco anunciaram nesta segunda-feira a união de suas operações criando o maior grupo financeiro privado do Hemisfério Sul. A operação prevê que acionistas do Unibanco Holdings e do Unibanco migrarão para uma nova instituição chamada Itaú Unibanco Holding, que ultrapassará o Bradesco, atual maior banco privado do país em ativos. A teoria dos Custos de Transação A consideração de que os custos da empresa não se resumem a custos de produção: existem também os custos de transação. São os custos que os agentes enfrentam quando recorrem ao mercado para adquirir equipamentos, insumos ou serviços, ou quando estabelecem uma “interface” com outro agente. Custos de transação são necessários para negociar, monitorar e controlar as trocas entre organizações, indivíduos, agentes econômicos e garantir o cumprimento de um contrato (formal ou informal). Os principais objetivos das organizações, segundo a teoria, é minimizar os custos envolvidos nas trocas de recursos com o ambiente e com outras organizações, dessa forma economizando tempo. A teoria dos custos de transação, assim como a teoria da racionalidade limitada mostra que os agentes agem racionalmente, mas se defrontam com limitações na hora de acessar ou processar as informações. Dessa forma, quanto mais complexo e incerto for o ambiente, quanto mais rápidas forem as mudanças, maiores serão as dificuldades para obter e processar informações e negociar; por conseguinte, maiores serão os custos de transação. Em tese, quanto mais incerto for o ambiente, mais as organizações reagirão procurando controlar essa incerteza por meio de alianças e contratos, logo maiores serão os custos de transação. Então, pode-se concluir que quanto maior for à dependência de recursos entre as organizações e quanto maior for o nível de controle que uma organização tenta exercer sobre a outra para reduzir a incerteza, maiores serão os custos de transação envolvidos nessa operação. Quando a transação não se processa da maneira planejada, como no caso do fornecimento de insumos e componentes que fogem aos padrões de qualidade ou aos prazos de entrega requeridos, determinando paralisações ou alterações no ritmo de produção, fabricação de produtos defeituosos, as empresas-clientes precisam aumentar o controle e as auditorias em seus fornecedores. Porém, isso envolve altos custos de transação, em termos de tempo e custo de mão-de-obra, surgindo então, o conceito de segurança em qualidade total e a ISO 9000, numa tentativa de unificar os procedimentos de auditoria, através de terceirização, onde uma entidade credenciada pode emitir o certificado após uma única auditoria. A ISO 9000 permitiu assim reduzir os custos de transação (Vasconcelos, 2000 apud Motta e Vasconcelos 2006). Esse é um exemplo típico de como os custos de transação podem acarretar intensos prejuízos. Por isso identificá-los e extingui-los se faz tão relevante. Um alto custo de transação pode gerar a não execução de um contrato, e essa inexecução pode acarretar efeitos não calculados. Se uma grande empresa não firma um contrato com outra para a prestação de serviços de informática, por exemplo, os prejuízos são evidentes para as partes. Ora, a grande empresa não conseguiu obter o serviço de que precisava, e a pequena empresa, por sua vez, não conseguiu obter a remuneração pela prestação do serviço. Por conseqüência indireta, funcionários que eventualmente seriam contratados não mais o serão.

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